quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Sossego na Isla Margarita


Existem três jeitos de chegar à Isla Margarita. De ferry partindo de Puerto La Cruz ou de La Guaira (essa cidade é pertinho de Caracas, mas essa rota nem sempre está ativa), ou de avião de diversos lugares da Venezuela e do mundo. Conheci uma inglesa que me contou que existem vôos DIRETOS de Manchester, UK, para Margarita. Uau!
É, de longe, o destino turístico mais popular da Venê. Euquesei!

A viagem de ferry leva aproximadamente duas horas partindo de Puerto La Cruz. O ferry é confortável, mas não comam os sanduichinhos que eles vendem à bordo... Ou tá, comam, mas depois não digam que não avisei. Nunca pensei que o mix pão de forma-queijo-presunto pudesse dar errado, mas eles conseguem a proeza.

De lá fomos para o hotel... o nome é Las Palmeras e fica na praia mais muvucada da ilha, Playa El Agua. Eu recomendo o hotel apesar de eles não terem deixado a gente fazer check-in só uma horinha antes da regra, que é três da tarde. Porque afinal a ilha estava vazia, e o hotel mais ainda!

Whatever, fomos acalmar o siricotico num bar da praia que eu amei, propriedade de uma família britânica de Portsmouth que estava viajando pelo mundo e parou em Margarita... pra servir os MELHORES drinques que eu tomei em TODA a minha estadia na Venê so far e ainda os obrigatórios bacon rolls, jacket potatoes, fish and chips e English breakfast. Infelizmente eu não me lembro do nome do bar, só posso dizer que é na areia da Playa El Agua (que é imensa, eu sei) e relativamente próximo à calle Miragua. Mas é só perguntar onde é que tem uns gringos brits...

Playa El Agua

Nesses hotéis de Margarita é muito comum oferecerem o pacote todo incluido, que significa café da manhã, almoço e jantar plus drinques nacionais à vontade.

Desayuno criollo (café da manhã típico): parece almoço! Arepa, feijão preto, ovo mexido e carne desfiada. Ou peixe, como é típico em Margarita.

Uia! Estávamos neste mesmo, mas antes do povo se empolgar com os drinques à vontade, tem a pegadinha: NACIONAIS. Ou seja, fora a cerveja pilsen que é roughly a mesma coisa em todo lugar e o rum que é produto da Venê, imagina só: vodka, uísque e tequila venezuelanos. Umas garrafas suspeitérrimas!
O bom é que a amiga pode literalmente se entupir de cerveja na praia. Os hotéis geralmente têm um barzinho pra serviço na areia. E este também oferecia hambúrgueres como snacks, o que era bacana. Haja esteira para reformar a pança depois.

Piscina do Hotel Las Palmeras

O Las Palmeras fica a uns 150 metros da praia, tem piscina, quarto com TV a cabo e ar condicionado e sistema hidráulico bizarro. Às vezes eu ligava o chuveiro/banheira e parecia que um avião estava pousando no hall, tal a barulheira nos canos. E a administração desligou a água um dia de manhã e à noite (curiosamente os horários de maior uso NÉ?) para manutenção sem aviso prévio. O cardápio é super-limitado - igual no almoço e jantar, os mesmos três pratos com dois tipos de saladas e três acompanhamentos - pensem bife, frango ou peixe grelhados e vegetais plus arroz ou batata. E sempre faltava alguma coisa...

De positivo, com certeza o staff, que é simpático e prestativo, o ar condicionado moderno e a área da piscina, com barzinho... Acho que a nota final do hotel é definitivamente seis. Porque se na baixa temporada o hóspede tem que conviver com esses fuckups que eu citei, imagina na alta...


Se você não está de carro na ilha, pode alugar ou andar de táxi, mas os últimos são meio caros. Combine o preço ANTES, como em qualquer outro lugar da Venê ou do mundo e região que não use taxímetro. Fomos de táxi à Playa El Yaque, um lugar que adoreeeei. Cheio de gente de windsurf e kitesurf, hotéis na beira da praia, quiosques bacanas e mar como uma piscina, de tão calmo e raso. Prepare-se pra gastar dinheiro alugando as cadeiras e toldos disponíveis, são bem caros.

Céu lindíssimo em El Yaque.

A vida noturna de Margarita eu não exatamente conferi. Era muito sol e muitos drinques e uns filés grelhados muito grandes na janta, então eu virava abóbora bem cedo. Perto da Playa El Agua tem um moooonte de bares e restaurantes e alguns lugares pra dançar também, só que na baixa temporada ficam meio (bem) vazios. No entanto se há interesse em conhecer gringos europeus para um intercâmbio cultural (haha) essa é a hora, porque é quando eles pousam lá, na maioria holandeses e alemães. O problema é que as prostitutas da ilha também sabem disso e lotam os poucos bares com algum movimento... E isso não é particularmente bacana.

No nosso último dia em Margarita resolvemos alugar a amiga que estava de carro e fomos até uma praia bem distante, chamada Punta Arenas. UAAAAU que linda! Areia clara, água idem, vazia, dia maravilhoso... Horrores de uísque pros meninos e vodka pras meninas. Margarita é duty free area desde os anos 60 - meus amigos venezuelanos dizem que já foi muito mais interessante para compras, porque hoje em dia a qualidade dos produtos disponíveis caiu, mas ainda assim é muito bom para bebidas, cigarros e outras bobagens.

Minha lombriga do consumismo hoje em dia está muito mais domada e eu não trocaria dia nenhum na praia pra sair por aí fazendo compras, mas pra quem estiver a fim, pode ir ao Sambil, um shopping center enorrrrrme que tem de tudo e é seguro.


Depois de too many drinks... Não me deixem aí!

Em Punta Arenas com certeza o dono das cadeiras e toldo vai oferecer almoço. Aceite, porque não é caro e é uma dilícia! Camarões gigantes (eles vão dizer langostinos, presta atenção, não é lagosta) ou peixe com arroz e salada.


Depois de tudo isso não é de se admirar que eu tenha voltado uma baleia marrom pra Caracas. Todo fino!

A TAM ainda está na idade da pedra. Juuuuuura?


Você sabia que se comprar uma passagem pela internet e depois tiver que alterar uma data, por exemplo, tem que IR A UMA LOJA DA TAM? Não pode ser por telefone nem pelo portal da companhia na net. INCREÍBLE. Euquesei.


Daí você diz: pô né bee estou em Caracas. Como faço? Ah, vai na loja daí, o endereço é tal e o telefone é tal. Você liga e é um cabeleireiro. A moça já está por aqui de brasileiros ligando e perguntando "aí é da TAM?". Ela me pergunta que raios é TAM e pede o telefone do escritório de São Paulo pra dar um xingo no povo.


Daí você acha o telefone da TAM no aeroporto de Maiquetía e um atendente, que fala português, é super-prestativo, mas infelizmente, porque a empresa onde ele trabalha é uma filial do Mundo Bizarro, não pode fazer mais do que passar o telefone da maior loja da TAM em Guarulhos. Onde NINGUÉM atende o telefone...

Relaxa e goza parece ser um bom conselho agora.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Quatro mortes no show de Carl Cox em Caracas


Já faz um tempinho. Aconteceu no dia 3 passado. Mas...


...eu TENHO que falar desse vídeo aqui. É GRÁFICO. E se não fosse a viagem a Los Roques eu teria ido com certeza a este show do Carl Cox (na festa Red Noise, ingressos entre 220.000 e 120.000 bolívares, uma fortuna) no club fyno La Riconada Terrace em Caracas. Vários amigos e conhecidos foram, viram e contaram.

Eis o que aconteceu:

Quatro pessoas foram mortas e pelo menos nove feridas quando um homem armado abriu fogo contra o público em pleno show, na pista. Dá pra ouvir os tiros no vídeo. Não houve informações oficiais após o tiroteio. Segundo amigos, os corpos dos três primeiros mortos ficaram ali, no chão (como também dá pra ver), por aproximadamente 45 minutos. Não havia paramédicos, segurança apropriada (apenas aqueles fios cujo trabalho é não deixar ninuém se aproximar muito do stage) e a polícia demorou horrores pra chegar.

O DJ estava tocando há 10 minutos quando os tiros foram disparados.

Em seu site, na manhã de do dia 5 de novembro, Carl Cox declarou:

Estou profundamente chocado e ainda pasmo dos eventos desse sábado (3 de novembro). Minhas condolências às vítimas que foram atingidas nesse ato horrível ocorrido no show. Fui informado que foi um ato envolvendo gangues e me sinto muito triste que alguém pudesse agir dessa forma num evento com 7 mil pessoas se divertindo! Vou tentar de qualquer forma a continuar a tour sul-americana mesmo estando profundamente chocado e tremendo do jeito que estou.

É fiinhos. Daquela segunda-feira em diante eu procurei em tudo que foi canto na net informações oficiais, notícias, whatever, a respeito desse bafo. E NADA. Nas bancas, nem uma palavra nos jornais. Pode ser que alguma coisa tenha sido publicada e eu não tenha visto. Mas não foi imediatamente nem em veículo grande. Estranho demais...

DISTURBING.

Ouvi dizer recentemente que os atiradores (era no fim mais de um?) foram identificados, presos e soltos num piscar de olhos. Se é verdade, não sei.

Como alguém entra com uma pistola num clube assim? Só posso concluir que pagando a segurança do evento... O que não deve ser caro. Porque amigos novamente enfatizaram que a revista na porta chegava a ser constrangedora, beirando a mão-boba.

E até hoje a fofoca continua... Esclarecimentos zero. Euquesei.

To be or not to be in Caracas


10 motivos para adorar Caracas...

1. O clima é ótimo pra quem gosta de sol. É difícil ver um dia inteiro nublado por aqui.

2. A gasolina é quase dada. Hoje em dia custa por volta de 50 centavos de dólar o litro. Isso se considerarmos a taxa de câmbio oficial, que é 1:2… Porque a real é bem diferente. Atualmente se encontra por 1:6. E a eletricidade é barata também.


3. O litoral é bem próximo e lindo. E as ilhas caribenhas estão logo ali…

A lindinha Playa Caribe.

4. O povo é festeiro e simpático.


5. A cidade é rodeada por montanhas maravilhosas.

El Ávila, passada!

6. A cidade tem centenas de restaurantes de tudo que é tipo e muito bons.


7. Aqui em qualquer esquina eles têm os tais pepitos de carne ou de pollo, muito melhores que cachorro-quente.


8. Há muitas mulheres bonitas.


9. A comida local é uma delícia. O café da manhã típico é o melhor…

Um prato de pabellón, que inclui ainda tostones (plátanos fritos) e fatias de abacate.

10. Aqui está a sede do governo venezuelano que, mal ou bem, fez recentemente algumas coisas pelos mais pobres, que afinal são a maioria da população.



... e 10 para falar MUITO FRANCA.


1. Quem não suporta sol o TEMPO TODO fica incomodado. E o calor, somado ao pouco-caso que o povo aqui (e a administração em geral) faz em relação à limpeza pública, dão à Caracas seu característico cheirinho de cidade-cascão.

2. Se os petroeuros, petrodólares e etc estão bombando aqui, por outro lado a inflação e o desabastecimento estão comendo soltos. Falta leite, ovos, óleo de cozinha, farinha de trigo e frango nos supermercados, periodicamente. Leite de verdade virou lenda aqui por uns bons oito meses. E estou falando da parte Leste da cidade, ou seja, dos bairros de classe média e alta. Cada vez que vou às compras aqui gasto uma fortuna em bolívares por coisinhas bobas, já que a moeda está cada vez mais desvalorizada. Fora falta de variedade… Saudades do Pão de Açúcar do Cambuí!

3. As praias são lindas, mas as cidades são o gongo. Feias é apelido. E aqui encontrei um povo mais sem noção com seu próprio lixo do que o brasileiro, que já não é um exemplo.


4. O povo é tão tolerante com os malfeitos alheios, mas tão tolerante, que a cidade e especialmente o trânsito são um caos. Ninguém liga muito para semáforos, buzinam loucamente, correm muito, estacionam em qualquer lugar e fazem barulho onde e quando estão com vontade. A maioria das pessoas joga todo tipo de lixo na rua, nas praias, e não está nem aí.


5. Porque o petróleo é barato e as pessoas são muito vaidosas de seus carros, a quantidade de veículos imensos aqui é impressionante. Resultado: ruas cada vez mais intransitáveis e permanente aroma de diesel. Seria de se esperar, por outro lado, que o asfalto fosse abundante e o transporte barato. Bem, aqui a manutenção de ruas e estradas é beeeem abaixo do necessário e os ônibus são sim, baratos, mas pequenos, sujos, lotados e sem padronização nenhuma (são de particulares). Existem ônibus 'normais', pertencentes à prefeitura talvez, mas bem raros. Os táxis deveriam ser baratos mas não são. Não trabalham com taxímetro, então o cliente DEVE perguntar o preço e pechinchar a corrida antes de embarcar.

Ônibus modelo Ômeupaiajuda 75

6. Os preços praticados em restaurantes aqui são de deixar qualquer economista encucado. Quando se trata da refeição em si, é possível pagar a mesma coisa, por exemplo, por um fino linguini negro com frutos do mar em um restaurante chic e por um prato de peito de frango grelhado, legumes e purê (sem leite) num sujinho do centro. Agora, se vc pedir drinques no chic é provável que sua conta vá dobrar...


7. Não tenho nada pra falar contra os pepitos. Eles são uma delícia! Euquesei...


8. Me sinto na Terra da Páscoa Permanente, por causa do formato oval dos homens daqui. Eles parecem não dar a mínima pra aparência. Desenvolver panças E queixo duplo do dia para a noite é o esporte nacional. Quanto às mulheres, toda vez que eu juro que AQUELE silicone é o maior que já vi na vida, vem outro par e bate o recorde. Santa obsessão!

Diliça.

9. A comida típica é uma delícia mas também engorda que é uma beleza.


10. Alguém aí ouviu POPULISMO bem alto? A Venê partilha da tradição sul-americana de um histórico de governos corruptos-pró-elite-que-deixaram-como-marca-indelével-a-imensa- pobreza-da-maior-parcela-da-população. Nada novo. Daí o atual governo tenta reverter este quadro através do velho truque do revanchismo, estimulando a desunião do país (oi? divide to conquer?), o sentimento de vingança das classes pobres e a fuga massiva da classe média e alta, dos cérebros e do capital nacional e internacional. As intenções podem ser BOUAS, mas os meios são discutíveis, como é de praxe em política.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

De Cu-maná a Margarita


Doze de outubro é feriado na Venezuela, dia de Cristóvão Colombo. Até esta data eu somente tinha estado em quatro praias do litoral Venezuelano, nesta ordem: Caribe, Playa Larga en Todosana, Los Caracas e Chirere. Praia + feriado = absoluto gongo se você gosta de sossego certo? Certíssimo. Na Venê então é um capítulo à parte, euquesei. Toda e qualquer praia fica intransitável. E existe o curioso hábito aqui de levar seu jipão supermoderno 4x4 pra beirinha do mar, botar o som no último (tocando o úrtimo lançamento de reggaeton) e picas. Aí você tem a praia inteirinha cercada de jipes colados um no outro e o megamix de reggaeton-salsa-rock ou whatever estiver sendo tocado nos diferentes carros. O povo aqui é muito festeiro e eu até aprecio, mas na praia não sou fã desse estupro do meu personal space.

Só que este feriado era diferente: somente algumas escolas tiveram uma semana inteira de recesso após o dia 12, uma sexta-feira – ou seja, a vibe de feriadão ia acabar domingo à noite! E o resto da semana ia ser O Sossego Modas. E a gente estava incluído!

Uma colega de Paul, da escola, nos convidou para começar a overdose de praia em Cumaná, cidade onde mora sua família, no Estado de Sucre. Um dos propósitos era fazer uma megaimersão em Espanhol, começando no carro - bem cedinho para evitar as famosas colas (engarrafamentos) de Caracas. Cumaná é a cidade mais antiga da América Hispânica. É véia mesmo, foi fundada em 1521 e hoje é uma cidadica com duas ou três ruas históricas muito bem-cuidadas (onde mora a referida família e onde ficamos hospedados) e o resto... Jogado às baratas. Sim, um lixinho de ciudad. Maaaaaaaaas fica pertíssimo de um povoado & parque nacional chamado Mochima, nossa primeira parada (a 40km de Cumaná), que tem praias do close, lindas mesmo. Deixamos o carro no povoado e de lá é só tomar uma lancha pra qualquer praia linda. Conhecemos a Playa Blanca, de areia claríssima. Mochima, dizem, é excelente pra snorkeling (o que eu não duvido, porque a água é muito transparente), mas deixamos pra uma próxima vez – o dia estava um pouco nublado e a vontade de beber cerveja e cochilar na areia era maior.

Pôr-do-sol na estrada Mochima-Cumaná - ao som do Bryan Adams do carro da amiga... Pô colega!

Na Venê é supercomum as pessoas levarem pilhas de coolers e etc de bebidas e comidas pra praia. Qualquer um faz isso. Levam de tudo. É que eu cresci no circuito SP-RJ-SC de cultura praiana, e a vida inteira achei isso aí a maior farofagem. Besteira... Eu adoro sentar num barzinho na areia e gastar toooooooooodo o meu dinheiro em cerveja e isca de peixe (que nem gosto), mas poder levar whatever you like e gastar muitíssimo menos sem ninguém olhando torto é ótemo também. Tive que ir até a Venezuela pra deixar de ser besta.

Bueno, recomendo Mochima e definitivamente vou tentar voltar e ficar mais tempo. De lá fomos para Cumaná. Os locais dizem que hoje em dia é uma cidadezinha perigosa, por falta de policiamento. Não sei. Não vi nada. Mas se cuidem, especialmente na área histórica, que à noite é muito escura.



A cidade fica também na costa e tem de interessante a história e os restos de fortes espanhóis. Adorei a família da amiga, muito acolhedora e simpática e entupiu a gente de comida. A abuelita preparou um tal de hervido criollo pra gente, na chegada, que eu achei tudo. É como se fosse uma sopa de legumes em etapas. Primeiro você se serve do caldo; depois vai adicionando os legumes e raízes já cozidos que ficam à mesa (inhame, abóbora, mandioca, aipo, cenouras). Também pode juntar peixe cozido... Fica nhammm. Comi essas delícias mais pão caseiro com patê de beringela e pedaços de abacate (se come abacate com tudo nessa terra).

No dia seguinte fomos a uma praia bacana, chamada Araya, onde tem um desses fortes que falei, uma ruína de verdade. É um lugar bonito e a areia é tão plana que até arrisquei brincar de futebol (porque jogar eu não jogo) com um drinque na mão e nem derrubei.

Mas independente da praia, e esta era um caso sério, preparem-se para o gongo da falta de noção que impera aqui em relação ao LIXO. Eu nunca vi um lugar onde as pessoas largam lixo na praia (ou na rua) desse jeito. É deprimente. O forte estava coalhado de garrafinhas azuis de cerveja light. Jogadas, quebradas, you name it. Paul estava descalço e teve certas áreas que tive que emprestar um chinelo meu pra ele e irmos 'de saci' ou ele calçou minhas duas havaianas (é, tenho pezão) e me carregou pra não nos cortarmos na festa do caco de vidro.

Fiquei irritada com isso e não tirei fotos - se quiserem vejam aqui.

Pra terminar esse post*, e seguir com Margarita, tenho que mencionar o Café Cacao, não longe do centro. Tem umas delícias deliciosas mais com cara de cidade grande, se você não aguentar mais comida criolla (típica). Comi um cheesecake da passada lá. Ao lado tem uma mini pizzaria que não deixa nada a desejar também.

Anyway... Bora pra Margarita. Dirigimos até Puerto La Cruz (duas horas de viagem) de madrugada para pegar o ferry para a área mais turística da Venê, la Isla.

(continua neste post)

*Mais informações sobre Cumaná, Mochima e Margarita aqui.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Los Roques, pra desemacumbar.


Inferno Astral 7000 gritando no DIA do meu aniversário. Consegui me indispor com mais de uma pessoa E passar o dia em clínicas com o Paul, que rompeu um ligamento e fez mais alguma malvadeza com o menisco jogando futebol, dois dias antes. Ele ficou ultra-surpreso com o atendimento e com a simpatia do doutor Joelho, indicado por um amigo... Diz que na Inglaterra ou Canadá não é assim. But of course, aqui estamos pagando 100.000 bolívares por consulta - e na Inglaterra e no Canadá não pagaríamos nada. Eu não fiquei nada impressionada - OK, o médico realmente é uma simpatia, mas passamos quase dois dias pulando de táxi em táxi pra fazer UMA ressonância magnética e conseguir UMA consulta... Um desses dias, como já disse, o do meu aniversário.

Mas chega disso. O que importa é meu presente - três dias em Los Roques, suficiente pra esquecer os ekês da vida. Eu, mesmo antes de vir a Caracas, já tinha ouvido falar de deste arquipélago pertencente à Venê. Para os padrões daqui (e pros meus!) é um destino mais caro , porque envolve vôos e pousadinhas rústicas overpriced, muitas vezes propriedade de europeus. E, claro, pela QUALIDADE das praias... Catem só:

Praia da Isla Marisky. O que se vê no horizonte é a Isla Gran Roque, onde fica a civilização.

Pronto, esqueci todo e qualquer inferno astral... Lá acho que nem existe isso :-)

Essa foi uma das minhas raras viagens DE PACOTE - incluindo hospedagem, refeições, passeio de catamarã e o vôo de Maiquetía (onde fica o aeroporto Simón Bolívar, a 20km de Caracas) a Gran Roque. Mas só porque foi meu presente de aniversário e Paul é da famosa escola
'me dá e não me enche com detalhes' de turismo. Comprou um pacote da maior operadora (atualmente) de Los Roques, chamada Aerotuy, que possui seus próprios vôos.

Então não tive participação nenhuma nos arrangements, pero todavía les puedo dar preciosas pistas!

Subimos num avião pequetico em Maiquetía e descemos depois de 40 minutos no
aeroporto de Gran Roque. Ou seja, quase na praia. O aeroporto é só uma pista entre a praia e um mangue, porque as ilhas do arquipélago na verdade são pequeniníssíssimas.


De lá os guias já nos levaram (à pé, porque é literalmente logoali) até a pousada (Posada Plaza: s
ólo por reservación. Al Iado este de la Plaza Bolívar, una de las posadas de Aereotuy, la cual es el centro de registro de todas sus opciones. Quince cuartos amplios, todos con 2 S empotrados - unos cuartos tienen suficiente espacio para agregar una cama adicional - baño privado con tragaluz, sólo agua fría y ventilador de techo) e chegando lá o tom já foi aquele típico de pacotes: vambora que o passeio é agora! O vôo tinha saído às oito da manhã e eles querendo que todos se trocassem em quinze minutos pra estar na praia às nove e meia prontos pro catamarã.

Eu, morrendo de sono, ressaca, fome e tensão pós-menstrual tive um semi-siricotico ao ver que na verdade a maioria das pessoas do grupo já estava de biquíni linda e eu de calça, descabelada e segurando uma mochila muito mal arrumada na noite anterior.

Sei que é frescura, mas eu prefiro chegar, me instalar no quarto, descansar um pouco e talvez trocar meu OB sem uma fila de gente esperando pra usar o banheiro. Por outro lado o fato de eu estar faminta murchava a barriga e aumentava o close...

Subindo no catamarã, devidamente enbiquinada, tudo ficou bem. A praia de Gran Roque, mesmo coalhada de barcos, é maravilhosa. As outras então nem se fala. O mar é sempre de um azul claro e lindo como nunca vi no Brasil, a não ser talvez em Lopes Mendes, Ilha Grande (no Rio), em dias bons. A areia é proveniente de corais, então é branquíssima. Ou seja, a transparência e visibilidade dentro d'água são perfeitas e o calor é monumental, não só porque estamos em pleno Caribe, mas porque a areia reflete o sol o tempo todo fazendo o efeito forninho. Aliás, lá praticamente não chove e a amiga pode ser literalmente cozida se não tiver cuidado! Recomendo chapéu, guarda-sol, sunglasses, FPS 50, hidratante e burkini.


Sério. Com tudo isso depois de DOIS dias estávamos num estado de insolação que nem conseguimos ir à praia direito e passamos o domingo num boteco em Gran Roque bolando planos e nos hidratando com Soleras light (a cervejinha oportunamente aguada da Venê).

O barco nos levou à ilha Francisky, depois à Marisky (quase todas as ilhas têm esses nomisky) e estava recheado de cervejas, caipiroskas e ron and cokes - e lá pelo meio-dia comemos uma lagosta fresquíssima a 8 dólares por pessoa. De novembro a março é temporada da lagosta... Vale a pena. O nosso pacote incluía na verdade a refeição não-lagosta a bordo, mas servir PELICANO é muita confiança! Sim, pelicano frito. Estava com uma carinha de bota velha então nem cheguei perto.

Procurando um pelicano pro jantar.

Há mil barquinhos na ilha que te levam pra essas ilhas por preços módicos. Você aluga suas cadeirinhas, guarda-sol estritamente necessário e talvez um cooler. Eu percebi que em muitas pousadas oferecem esse serviço aos seus clientes, inclusive o cooler com gelo, bebidas, e até snacks. Parece uma coisa boba, qualquer um pode comprar suas bebidas na licorería mais próxima e empacotar delícias certo? Mas tem uma pegadinha aí: é quase IMPOSSÍVEL encontrar gelo à venda em Gran Roque. Os recursos da ilha são muito limitados (além de tratar-se de um parque nacional) e o gelo é todo produzido/comprado pelas pousadas e barcos locais. Eu tentei, com garra e determinação, achar gelo no dia seguinte ao de nossa chegada, quando quisemos fazer um passeio até a ilha Marisky pra passar o dia todo. Falhei miseravelmente e descobri que pode ser uma opção de vida comprar uma máquina de gelo e me estabelecer em Gran Roque.

Peleando con la sombrilla.

Enfim, este é mais um motivo pelo qual acredito que as pousadas normais, não de grandes operadoras, como a nossa, sejam melhores também. Tenho certeza que um esquema independente sai mais barato as well. Fora que as refeições oferecidas por esses pacotões, (menos o café da manhã, que não tem como errar), não são grande coisa em comparação com outros restaurantezinhos da ilha onde você gasta menos e come melhor, sem restrição de horário... E já que estou no parágrafo dos CONTRAS, adiciono que se você gosta de silêncio e tranquilidade de manhã cedinho, beware, porque a pousada Plaza é quase todos os dias invadida por grupos de pessoas gritalhonas para DAY TRIPS, uma farofa mais chique, onde em vez de ir de ônibus pro Guarujá passar o dia você pega um avião pra Los Roques pra passar o dia. Então sábado e domingo às 8h30 era aquele forféu na Plaza...

Fomos sem gelo mesmo pra Marisky, alugamos seats & shade na beira do cais e também máscaras, snorkels e pés de pato. Na parte de trás da ilha tem um lugar ótimo pra snorkeling básico e me diverti horrores, vi peixes lindos (e um monte de Dorys de Procurando Nemo) e até uma moréia. A cerveja aguentou gelada por um certo tempo e passamos um dia ótimo na companhia desses passarinhos aí, que tentam roubar a comida de todo mundo na praia.


À noite o que se tem pra fazer é tomar um vinho branco bem gelado em Gran Roque, em frente a algum dos restaurantes, na beira do mar. Todas as ruas são de areia, tudo é na areia, então you might as well ficar na praia de vez. E contar as estrelas, já que quase não há nuvens...

O bom é ir dormir com a certeza de que VAI fazer sol no dia seguinte. E que tem mais um monte de ilhas pra conhecer... Eu vou voltar lá com certeza!

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Hiking para preguiçosos - no Pico Naiguatá, Caracas


Vou começar com alguma coisa fácil.

Vamos lá: a preguiçosa-mor sobe o Pico Naiguatá, em Caracas.

Praticamente de qualquer lugar de Caracas se pode ver as montanhas que a rodeiam. A cidade me lembra, por esse lado, um Rio sem praia. E tem uma cadeia de montanhas chamada El Ávila, que é parte de um parque nacional chamado óviamente de Parque Nacional El Ávila e separa o norte de Caracas do mar.

Lá estava eu de bobeira, início de Fevereiro, segunda semana da minha primeira visita a Caracas. De bobeira por pura preguiça, porque eu deveria é estar correndo na esteira ou algo do tipo, pois já sabia que no próximo fim de semana íamos, junto com uma excursão da escola americana, subir o Ávila em direção ao pico mais alto, o tal Naiguatá. Paul falou mil vezes: não se preocupa, é uma excursão com trinta pessoas, na maioria alunos, cada um vai no seu tempo!

O meu tempo era o de alguém cujas únicas atividades físicas nos últimos dois anos consistiam em dançar loucamente nas boaths de Londres e correr pra pegar o trem pra London Bridge todo dia de manhã. Ah sim, tinha o catering, mas não considero carregar bandeja e andar por aí num restaurante, bocejando, como exercícios. Ahn, não vamos tampouco nos esquecer dos 98 cigarros por fim de semana. Eu gostava de me denominar uma fumante social, mas a atividade estava saindo um pouco de controle...

Antes disso tinha feito trilhas para diversas praias, algumas montanhas, etc, no Brasil. Mas nunca levado equipamento pra acampar no meio da trilha. E esse era o caso, subir até o pico, dormir lá e voltar no dia seguinte - DESESPERO. Preparamos nossas mochilas um dia antes e agradeci ao bom Deus por ter um cavalheiro para carregar a barraca e a os colchonetes. Pensando melhor, era o cavalheiro que estava me intimando a subir aquela &%$@* de montanha - e a levar na minha mochila um litro de uísque e três de água. Mais comida e meus casacos. Sim, porque segundo me avisaram, a temperatura no topo da montanha, à noite ficava entre zero e cinco graus. E em Caracas aquele calorão de fritar ovo no asfalto e derreter a maquiagem da amiga.

A excursão foi de jipe até um certo ponto da montanha, pra dar uma animada. Mas assim que a estrada afinou começou o bate-cabelo - descer do jipe e subir, subir, subir por sete horas.

Dizem que um grupo mais treinado faz a subida até o Naiguatá em quatro horas; nós realmente fizemos em sete, provavelmente porque era um grupo composto de estudantes do terceiro colegial da escola americana (cheio de teens fora de forma, ou em forma de queijo cheddar) e por outras pessoas não tão fits, como a fia aqui.


Esse é o pico, vendo beeeeeeeeeeeeeeeeem de baixo. Parece pertinho não? MAS NÃO É!

Bom, só sei que daí pra frente foi a sequência puf-puf-que linda a vista-tô com fome-não pode parar agora- tô com sede-cadê a morfina-aaaaaaaaaaargh.

Eu gosto de trilhas, não me entendam mal. Mas só subida é covardia.

Vamos aos conselhos: levem queijo, nozes e algum carb pra caminhada. Obrigatoriamente. Dá uma fome no caminho que eu nunca senti antes, em trilha nenhuma. Tem que levar bastante água (levamos 3 litros pra 2 pessoas) porque na ida tem só um refil e depois só lá em cima (um fiozinho d'água que pinga da montanha). Levem álcool para amortecer os membros inferiores na forma de uísque ou algo que se possa beber sem gelo... Aqui não é exatamente fácil encontrar pinga. Aliás não peçam pinga* em nenhum lugar da Venê hein! A não ser que realmente queiram HAHA.

Um colchonete inflável salvou minha vida lá em cima. É, já dói tudo quando o corpo esfria, você não precisa TAMBÉM sentir todas as pedrinhas do solo sob sua barraca.


Overjoyed.

Enfim, toda a parafernália do camping profissa é highly advisable. Tudo muito leve e eficaz, inclusive o casaco. Tem que esquentar MESMO! Chegando lá, o sol se pondo e a temperatura caindo. Eu estava de bermuda e regata, fui adicionando uma calça, uma blusa de manga comprida de malha bem confortável, depois um gorro, depois outra blusa, depois o megacasaco, depois outro par de meias por cima do que eu já tinha nos pés. E senti frio fora da barraca!



Depois de mais ou menos instalados (o grupo todo chegou lá pelas 4h30 pm), subimos até o pico propriamente dito, na pedra maaaaaaaaais alta pra assistir o pôr-do-sol... GORGEOUS! Dividimos o espaço com outra excursão, o que não teria problema algum se eles não estivessem rezando uma MISSA no topo e mandando todo mundo calar a boca porque o padre ia falar. Muito franca! Esse definitivamente não é o melhor jeito de me calar. Resolvi que era o momento de contar a Ilíada do começo ao fim a duas professoras da escola (a minha versão) e tenho certeza que só não fui empurrada lá de cima por causa do grande número de possíveis testemunhas.



Caracas lá de cima

Enfim. Uma vista da boba! No pico do pico você pode se sentar (ui) e ver Caracas de um lado e o mar de outro. Um mar infiniiiiiiiiiito, uma linha do horizonte tão ampla como jamais pude imaginar em toda uma vida de aversão a montanhas. WHAT A VIEW!

Vale a pena. É só o que digo. E vindo de uma preguiçosa como eu, isso tem que significar alguma coisa importante.



Mais um euquesei: sim, programem seu passeio para que ele inclua nascer e pôr-do-sol. Porque o guia estava na maior obsessão com o sunrise e na manhã seguinte, quando acordamos, dava pra cortar a neblina com uma faca (sendo que aprevisão do tempo tinha sido a melhor possível). Sim, o tempo estava ótimo até de noite, quando choveu horrores e o dia acordou cinza, úmido e frio. E nem choveu em Caracas... O tempo na montanha é MUITO imprevisível.

A descida não foi tão ruim. Na minha opinião, claro, porque prefiro descer, sempre.
PERO MIS PERNAS SI ME OLVIDARAM - não consegui andar direito por dois dias depois disto.

Alongamento, fiinhos, simples e subestimado! Antes e depois da trilha. Faz uma diferença SHOCK.