Férias at last!
Uma semana na praia aproveitando o inverno venezuelano (de 27 graus). Se estiver com sorte.
Feliz Natal pra vocês!
Tchau e beyjos.
domingo, 21 de dezembro de 2008
segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
Faroeste caraquenho II: show gritos no campo de futebol
Estava ontem no conforto da minha sala, terminando de assistir um filme e curtindo minha ressaquinha da festa de Natal do dia anterior. Não tinha intenção nenhuma de me mover de onde estava, até que meu humor começou a mudar, de felizinha pra levemente puta, porque um alarme que conheço bem começou a tocar sem parar.
Como eu trabalho em casa, estou aqui a maior parte do tempo. Moramos em uma área que é considerada tranquila. Mas sinceramente faz uma boa era que eu não sabemos mais o que é peace and quiet. O prédio em frente parece estar em obras eternas, o vizinho de baixo está refazendo o banheiro e quebrando as paredes até nos sábados de manhã e sempre tem algum alarme de carro disparando sem motivo nenhum. Fora as buzinas. Mas isso é um problema cultural, eu sei - venezuelano já nasce surdo, porque 90% das mães passam nove meses ouvindo buzinaço de carro na cidade, reggaeton na praia e morando perto de alguma obra. Por isso ninguém parece se incomodar - pelo menos não demonstram.
Isso é outra coisa patética nesse país - ninguém reclama de nada, não na cara. Falam mal depois, reclamam pra vizinha, pro colega, pra família, seja lá do que for, mas não no momento em que se sentiram incomodados, nunca. Nossa, me dá pena o quanto o povo daqui é covarde. Se alguém disser "ah, no Brasil é a mesma coisa", tudo bem, brasileiro também é super sangue de barata, mas aqui ainda é pior, porque uma pessoa normal tem que suportar muito mais grosseria e engolir muitos milhões de sapos mais que no Brasil. Porque aqui quase ninguém tem educação de verdade.
Hoje em dia eu adoro quando algum caraquenho quer desculpar a bosta que é sua terra dizendo que pelo menos o povo é amável, warm, simpático... Nem respondo. É a gente mais mal-educada, sem noção e porca que eu já vi. E não gostam de estrangeiros, são super-preconceituosos. Vou ser justa: de estrangeiros do hemisfério norte. O povão daqui não consegue assimilar o fato de que não é culpa dos gringos que a Venezuela seja o cocô que é, e sim do(s) governo(s) que ele ajudou a eleger. Mas claro que é mais fácil culpar os gringos.
Voltando à minha sala: a droga do alarme não parava nunca mais. Paul terminou de fazer o que estava fazendo e veio me perguntar se eu queria ir com ele até o centro esportivo aqui da rua assistir uma partida de futebol. Esse lugar tem campos de futebol, golfe e até paintball para quem quiser alugar, e todo fim de semana tem uns times amadores jogando por lá. Eu não tenho lá muito (nenhum) interesse, mas como ele insistiu, decidi que talvez fosse uma boa tomar um ar e escapar do alarme pentelho, porque a tarde estava bem bonita.
Chegando no campo, sentamos numa mini-arquibancada que fica ali mesmo na beira da via principal do centro esportivo - assim, havia carros estacionados bem atrás da gente. Nem bem sentei um alarme horrível disparou, ensurdecedor. AAAAAAAAAAARGH. Olhamos em volta e havia um sujeito a uns três metros de distância fuçando em um controle remoto. Era o carro dele. O alarme parou. Meio minuto depois, disparou de novo e continuou assim por um tempo - parando e disparando e o cara fuçando no controle remoto, sem nem olhar quem estava do lado. O Típico Ogro Venezuelano. Incomodando todo mundo em volta com seu alarme insuportável e sem dizer uma palavra.
Eu estava lívida. Furiosa com aquele comportamento. Ninguém vai falar nada? Não, são todos surdos de nascença, como já expliquei. Estão acostumados a serem tratados que nem gado também. Vou dar um bafo. Tô CHEIA!
Virei pro ogro e perguntei: viu, será que você não pode dar um jeito nesse alarme? Está incomodando todo mundo! (o que era bem óbvio, já que a cena estava rolando há uns dez minutos).
O ogro gritou: Eu não sou técnico! Quer que eu faça o quê?
Eu: É seu carro, então estacione longe das pessoas pelo menos.
Ogro: Se está incomodada é muito fácil, pode sair.
Eu: (perdi a partícula microscópica de paciência que ainda tinha) Não me interessa se você é técnico! Não sou obrigada a ficar ouvindo essa merda de alarme!
Ogro: me xingou de alguma coisa péssima.
Eu: Quer saber, é por isso que esse país é essa merda. Por causa de gente que nem você, que é uma merda e vive na merda e gosta dela! (BAIXO NÍVEL TOTAL, eu sei.)
Ogro: mais xingamentos.
Paul, que estava do meu lado ainda quieto, resolveu se meter e abriu a boca. Aí que eu me dei conta, isso pode ser um problema. Porque até então eu estava xingando o cara de tudo e liberando minha raiva e bem, mas foi só um homem dizer alguma coisa que o ogro se levantou e veio na nossa direção.
Antes que alguém fale alguma coisa, eu sei que estava errada provocando briga com o namorado do lado. Porque, *regra geral*, é isso que esses idiotas querem, que o homem intervenha e tudo termine numa confusão master. É uma prática comum por aqui os homens serem agressivos e/ou desrespeitosos com mulheres que nunca viram na vida, só pra conseguir uma reação do namorado/noivo/marido. Imagina então nesta situação, com uma mulher-que-nunca-viu-na-vida mandando o cara à merda.
Ogro: Eu bato em homem e mulher, sim! Está pensando o quê? Porque eu sou MACHO!
Eu: Machíssimo, batendo em mulher... Isso lá é macho, MARICÓN?
Uia, agora já era, pensei. Ele estava roxo de raiva. Paul havia pedido que ele simplesmente parasse o carro em outro lugar e a gente terminasse com isso, mas era tudo que o ogro queria, arrumar um pretexto pra enfiar a mão nele e chamar seus amiguinhos pra ajudar. Por isso resolvi me limitar a gritar "não chegue perto de mim!", virar a cara e encerrar a discussão, e assim evitar que ele chegasse perto do Paul.
Funcionou. O ogro deu mais uns berros, mas recuou de volta pra onde estava, e tinha esse monte de gente em volta dele, outros homens, mulheres e crianças. A Família Ogro, comendo salgadinhos de isopor e tomando um refrigerante de framboesa horrível que eles adoram aqui, Frescolita. Nunca vi tanta gente feia e mal-vestida na minha vida, e comentei com Paul.
Paul: Agora pára, você.
Eu: Só estou sendo sincera. Mesmo se eu gostasse deles, iam continuar parecendo uma matilha.
Quinze minutos depois, continuávamos sentados exatamente no mesmo lugar, bebericando cervejinhas, e a Família se dispersou (deixando uma montanha de lixo pra trás, claro), uns entrando no carro com o ogro e outros em uma van. Só do carro, a alguns metros, o super-covarde teve coragem de gritar pra gente:
- Tchau, gringo filho da puta!
Nós: Tchau, gordo de merda + toda sorte de insultos venezuelanos + dedos.
Adoro dizer gordo de miiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiierda.
Em seguida passou a van com mais um ou dois feiosos também chamando o Paul de gringo hijo de puta. Uau.
Agora vem a parte científica desse episódio infeliz. Olha só o complexo que esse povo tem. EU reclamei do alarme, EU briguei com o ogro, EU mandei ele pra todos os lugares piores da Terra e o Paul é chamado de gringo de mierda? Pra mim teve um "feia" e olhe lá. "Boba"? Muito bizarro. Eles ODEIAM gente diferente. E eu estou 100% cheia dessa cultura porca, ignorante, machista, truqueira e viciada em silicone e beisebol.
Como eu trabalho em casa, estou aqui a maior parte do tempo. Moramos em uma área que é considerada tranquila. Mas sinceramente faz uma boa era que eu não sabemos mais o que é peace and quiet. O prédio em frente parece estar em obras eternas, o vizinho de baixo está refazendo o banheiro e quebrando as paredes até nos sábados de manhã e sempre tem algum alarme de carro disparando sem motivo nenhum. Fora as buzinas. Mas isso é um problema cultural, eu sei - venezuelano já nasce surdo, porque 90% das mães passam nove meses ouvindo buzinaço de carro na cidade, reggaeton na praia e morando perto de alguma obra. Por isso ninguém parece se incomodar - pelo menos não demonstram.
Isso é outra coisa patética nesse país - ninguém reclama de nada, não na cara. Falam mal depois, reclamam pra vizinha, pro colega, pra família, seja lá do que for, mas não no momento em que se sentiram incomodados, nunca. Nossa, me dá pena o quanto o povo daqui é covarde. Se alguém disser "ah, no Brasil é a mesma coisa", tudo bem, brasileiro também é super sangue de barata, mas aqui ainda é pior, porque uma pessoa normal tem que suportar muito mais grosseria e engolir muitos milhões de sapos mais que no Brasil. Porque aqui quase ninguém tem educação de verdade.
Hoje em dia eu adoro quando algum caraquenho quer desculpar a bosta que é sua terra dizendo que pelo menos o povo é amável, warm, simpático... Nem respondo. É a gente mais mal-educada, sem noção e porca que eu já vi. E não gostam de estrangeiros, são super-preconceituosos. Vou ser justa: de estrangeiros do hemisfério norte. O povão daqui não consegue assimilar o fato de que não é culpa dos gringos que a Venezuela seja o cocô que é, e sim do(s) governo(s) que ele ajudou a eleger. Mas claro que é mais fácil culpar os gringos.
Voltando à minha sala: a droga do alarme não parava nunca mais. Paul terminou de fazer o que estava fazendo e veio me perguntar se eu queria ir com ele até o centro esportivo aqui da rua assistir uma partida de futebol. Esse lugar tem campos de futebol, golfe e até paintball para quem quiser alugar, e todo fim de semana tem uns times amadores jogando por lá. Eu não tenho lá muito (nenhum) interesse, mas como ele insistiu, decidi que talvez fosse uma boa tomar um ar e escapar do alarme pentelho, porque a tarde estava bem bonita.
Chegando no campo, sentamos numa mini-arquibancada que fica ali mesmo na beira da via principal do centro esportivo - assim, havia carros estacionados bem atrás da gente. Nem bem sentei um alarme horrível disparou, ensurdecedor. AAAAAAAAAAARGH. Olhamos em volta e havia um sujeito a uns três metros de distância fuçando em um controle remoto. Era o carro dele. O alarme parou. Meio minuto depois, disparou de novo e continuou assim por um tempo - parando e disparando e o cara fuçando no controle remoto, sem nem olhar quem estava do lado. O Típico Ogro Venezuelano. Incomodando todo mundo em volta com seu alarme insuportável e sem dizer uma palavra.
Eu estava lívida. Furiosa com aquele comportamento. Ninguém vai falar nada? Não, são todos surdos de nascença, como já expliquei. Estão acostumados a serem tratados que nem gado também. Vou dar um bafo. Tô CHEIA!
Virei pro ogro e perguntei: viu, será que você não pode dar um jeito nesse alarme? Está incomodando todo mundo! (o que era bem óbvio, já que a cena estava rolando há uns dez minutos).
O ogro gritou: Eu não sou técnico! Quer que eu faça o quê?
Eu: É seu carro, então estacione longe das pessoas pelo menos.
Ogro: Se está incomodada é muito fácil, pode sair.
Eu: (perdi a partícula microscópica de paciência que ainda tinha) Não me interessa se você é técnico! Não sou obrigada a ficar ouvindo essa merda de alarme!
Ogro: me xingou de alguma coisa péssima.
Eu: Quer saber, é por isso que esse país é essa merda. Por causa de gente que nem você, que é uma merda e vive na merda e gosta dela! (BAIXO NÍVEL TOTAL, eu sei.)
Ogro: mais xingamentos.
Paul, que estava do meu lado ainda quieto, resolveu se meter e abriu a boca. Aí que eu me dei conta, isso pode ser um problema. Porque até então eu estava xingando o cara de tudo e liberando minha raiva e bem, mas foi só um homem dizer alguma coisa que o ogro se levantou e veio na nossa direção.
Antes que alguém fale alguma coisa, eu sei que estava errada provocando briga com o namorado do lado. Porque, *regra geral*, é isso que esses idiotas querem, que o homem intervenha e tudo termine numa confusão master. É uma prática comum por aqui os homens serem agressivos e/ou desrespeitosos com mulheres que nunca viram na vida, só pra conseguir uma reação do namorado/noivo/marido. Imagina então nesta situação, com uma mulher-que-nunca-viu-na-vida mandando o cara à merda.
Ogro: Eu bato em homem e mulher, sim! Está pensando o quê? Porque eu sou MACHO!
Eu: Machíssimo, batendo em mulher... Isso lá é macho, MARICÓN?
Uia, agora já era, pensei. Ele estava roxo de raiva. Paul havia pedido que ele simplesmente parasse o carro em outro lugar e a gente terminasse com isso, mas era tudo que o ogro queria, arrumar um pretexto pra enfiar a mão nele e chamar seus amiguinhos pra ajudar. Por isso resolvi me limitar a gritar "não chegue perto de mim!", virar a cara e encerrar a discussão, e assim evitar que ele chegasse perto do Paul.
Funcionou. O ogro deu mais uns berros, mas recuou de volta pra onde estava, e tinha esse monte de gente em volta dele, outros homens, mulheres e crianças. A Família Ogro, comendo salgadinhos de isopor e tomando um refrigerante de framboesa horrível que eles adoram aqui, Frescolita. Nunca vi tanta gente feia e mal-vestida na minha vida, e comentei com Paul.
Paul: Agora pára, você.
Eu: Só estou sendo sincera. Mesmo se eu gostasse deles, iam continuar parecendo uma matilha.
Quinze minutos depois, continuávamos sentados exatamente no mesmo lugar, bebericando cervejinhas, e a Família se dispersou (deixando uma montanha de lixo pra trás, claro), uns entrando no carro com o ogro e outros em uma van. Só do carro, a alguns metros, o super-covarde teve coragem de gritar pra gente:
- Tchau, gringo filho da puta!
Nós: Tchau, gordo de merda + toda sorte de insultos venezuelanos + dedos.
Adoro dizer gordo de miiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiierda.
Em seguida passou a van com mais um ou dois feiosos também chamando o Paul de gringo hijo de puta. Uau.
Agora vem a parte científica desse episódio infeliz. Olha só o complexo que esse povo tem. EU reclamei do alarme, EU briguei com o ogro, EU mandei ele pra todos os lugares piores da Terra e o Paul é chamado de gringo de mierda? Pra mim teve um "feia" e olhe lá. "Boba"? Muito bizarro. Eles ODEIAM gente diferente. E eu estou 100% cheia dessa cultura porca, ignorante, machista, truqueira e viciada em silicone e beisebol.
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